Funcionária destrói área de café da manhã de hotel e cenas viralizam

Funcionária destrói área de café da manhã de hotel e cenas viralizam 

Atos teriam sido motivados por demissão, segundo autora dos posts; especialistas avaliam possíveis consequências legais e falhas no processo de desligamento

Por Debora A. Leite

16/07/2025 06h00  Atualizado agora

Uma funcionária de um hotel da rede Marriott em Denver, nos Estados Unidos, foi filmada destruindo parte da área de café da manhã do complexo. De acordo com a autora da postagem, identificada como @letaleja, o episódio teria acontecido após a profissional ter sido informada sobre sua demissão. O caso ganhou repercussão nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde os vídeos publicados já ultrapassam 12 milhões de visualizações.

De acordo com a autora da postagem, o episódio começou com uma confusão entre a funcionária e uma supervisora, durante um treinamento. Após o desentendimento, a gerente teria instruído a funcionária a deixar o local. Em seguida, ao questionar na recepção se poderia retornar ao trabalho no dia seguinte, a funcionária foi informada de que estava demitida.

Logo após receber a notícia, a funcionária caminhou até a área onde era servido o café da manhã e começou a derrubar itens como leite, farinha e ovos, que se espalharam pelo chão. Hóspedes presentes no local acompanharam a cena à distância, alguns visivelmente surpresos com a reação.

Em um segundo vídeo, a mulher aparece retornando ao hotel, desta vez para buscar o telefone celular que havia deixado para trás. A gravação gerou reações diversas de usuários, alguns demonstrando empatia diante da situação, outros criticando a atitude.

O Marriott não se pronunciou publicamente sobre o caso até o momento. Não há informações confirmadas sobre medidas administrativas ou legais tomadas contra a ex-funcionária.

Especialistas avaliam: o que aconteceria em um caso semelhante no Brasil?

Segundo Ricardo Christophe da Rocha Freire, advogado trabalhista e sócio do escritório Gasparini, Barbosa e Freire Advogados, uma reação como essa, se ocorresse no Brasil, poderia trazer impactos diretos na rescisão contratual do funcionário.

“Se a funcionária, já comunicada da demissão, causasse danos no ambiente de trabalho, o empregador poderia descontar esses prejuízos das verbas rescisórias”, explica. Além disso, segundo Freire, a empresa poderia reverter a demissão sem justa causa em dispensa por justa causa, a depender da gravidade da conduta.

“Trata-se de um ato grave, ocorrido durante o aviso prévio, que pode justificar a justa causa. Com isso, haveria uma redução significativa no valor a ser pago na rescisão”, afirma.

Offboarding mal conduzido pode gerar conflitos, alerta especialista em RH

Para a especialista em recursos humanos Evelyn Rodrigues, head do escritório Paschoini Advogados, o caso evidencia a importância de um processo estruturado e humanizado de desligamento, conhecido como offboarding.

“O desligamento é um dos momentos mais sensíveis da gestão de pessoas. Quando mal conduzido, pode gerar rupturas emocionais e até situações extremas, como a relatada”, afirma. Para ela, o RH deve atuar de forma ativa e alinhada aos gestores, oferecendo suporte técnico e emocional durante o processo.

Ela destaca que o desligamento não deve ser visto como um simples ato administrativo, mas como parte da jornada do colaborador. “Se conduzido com empatia e respeito, pode preservar relações, evitar conflitos e até abrir caminhos para oportunidades futuras.”

No caso de comportamentos extremos, como o registrado no vídeo, a especialista também aponta que a inteligência emocional se torna um fator crítico. “A reação da ex-funcionária evidencia uma instabilidade marcada pela dificuldade de lidar com frustrações e a ausência de autorregulação emocional.”

Processo de desligamento: boas práticas recomendadas por especialistas

Rodrigues destaca alguns pontos essenciais para minimizar riscos e preservar a imagem institucional:

  • Preparação prévia: planejamento da abordagem e medidas preventivas;
  • Comunicação empática: conversa respeitosa e objetiva;
  • Feedback construtivo: reforço de pontos positivos e aprendizados;
  • Apoio à recolocação (outplacement): orientação para transição profissional;
  • Comunicação interna cuidadosa: proteção da imagem do ex-colaborador e do clima organizacional;
  • Medidas legais, quando necessário: registro e responsabilização em casos de danos.

Segundo a profissional, desligar um colaborador com respeito e estrutura é uma prática que beneficia não apenas o ex-funcionário, mas também a equipe que permanece e a reputação da empresa no mercado.

Publicado em PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES NEGÓCIOS