CLT ou PJ: qual a melhor opção e o que muda entre eles?

Saiba quais as principais distinções entre os regimes CLT e PJ, destacando vantagens e desafios em cada modelo de contratação.

No cenário atual do mercado de trabalho, uma pergunta continua em alta: é melhor ser CLT ou PJ? A resposta, longe de ser simples, envolve aspectos legais, tributários, estratégicos e até mesmo culturais.

Entre a valorização da liberdade contratual e a segurança dos direitos trabalhistas, empresas e profissionais se veem no meio de um debate que cresce tanto nas redes sociais quanto nos tribunais.

Enquanto nas redes o modelo CLT é frequentemente criticado, especialmente pelas gerações mais jovens, que enxergam na pejotização um caminho mais lucrativo e flexível, nos tribunais trabalhistas a realidade se inverte.

Muitos profissionais contratados como PJ ingressam com ações judiciais solicitando o reconhecimento do vínculo empregatício, alegando que suas atividades se encaixam nos moldes da Consolidação das Leis do Trabalho.

Essa crescente judicialização levou o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspender, neste mês, todos os processos relacionados à validade da pejotização no país. O objetivo: uniformizar o entendimento jurídico sobre um tema que impacta milhares de contratos e bilhões em arrecadação tributária.

O que diferencia a contratação CLT da PJ?

Segundo a legislação brasileira, quatro pilares definem o vínculo empregatício regido pela CLT:

·        Subordinação: quando o profissional deve seguir ordens, horários e diretrizes da empresa.
·        Habitualidade: prestação contínua de serviços, sem caráter esporádico.
·        Pessoalidade: a atividade é exercida pessoalmente, sem substituições.
·        Onerosidade: existe remuneração fixa, como salário mensal.

Caso esses elementos estejam presentes, ainda que o contrato seja firmado como PJ, a Justiça pode reclassificá-lo como CLT e exigir o pagamento de todos os direitos trabalhistas correspondentes.

“A contratação como PJ não deve ser usada como disfarce para relações que, na prática, seguem a CLT”, alerta o advogado trabalhista Marcel Zangiácomo.
Quando compensa ser PJ?

A contratação como Pessoa Jurídica (PJ) pode ser vantajosa para profissionais com alta qualificação, boa negociação de valores e que não precisam da proteção legal da CLT.

De modo geral, a remuneração como PJ tende a ser 25% a 30% maior, justamente para compensar a ausência de direitos como 13º salário, férias remuneradas, FGTS e estabilidade.
Contudo, especialistas alertam: essa vantagem só se concretiza para remunerações a partir de R$ 10 mil mensais. Abaixo disso, os benefícios do regime CLT, especialmente a contribuição previdenciária automática e o acesso ao INSS, seguro-desemprego e multas rescisórias, tendem a superar os ganhos tributários da PJ.
“Muitos se encantam com o valor bruto como PJ, mas esquecem dos custos invisíveis — como aposentadoria, plano de saúde, instabilidade contratual e ausência de cobertura em caso de afastamento”, lembra o advogado Ricardo Freire.
CLT x PJ: qual o melhor?
Veja a seguir uma tabela que mostra os pontos positivos e negativos de cada modalidade de trabalho:

O impacto da pejotização na economia

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que, entre 2018 e 2023, a pejotização provocou uma perda de até R$ 144 bilhões em arrecadação aos cofres públicos. Isso levanta questões sobre equidade fiscal, proteção ao trabalhador e a sustentabilidade da Previdência Social.

Tanto para empresas quanto para trabalhadores, o momento é de cautela. Enquanto o STF não define uma jurisprudência clara sobre o tema, é essencial revisar contratos, alinhar expectativas e buscar orientação jurídica.

Para quem busca estabilidade, proteção social e benefícios de longo prazo, o regime CLT ainda é o mais indicado. Já para profissionais experientes, com bom controle financeiro e foco em autonomia, o regime PJ pode representar mais liberdade e lucro, desde que os riscos estejam bem dimensionados.

 

Publicado por Capitalist.

Reproduzido por R7